Seria muita pretensão minha querer responder a esta pergunta ancestral.Não sei quem sou e, para falar a verdade, não quero muito saber.
Não vejo, simplesmente, como estas questões existenciais possam melhorar a minha vida. Então, para que se estressar, não é mesmo?
Sou apenas aquilo que penso que sou – e olhe lá!
Uns discordarão e então eu terei de retrucar que ninguém entende mais da minha vida do que eu mesma. Mas não tenho muita certeza do argumento.
Pois comecemos com o meu nome: Tatiane Andrade.
O prenome é russo mesmo. O sobrenome é portugues.
Para alguns, porém, eu não sou nada disso. Virei apenas a Dara ou Darla para a maioria dos que me lêem. Para os amigos sou Tati.
Os mais íntimos me chamam de bichinho encomodativo. O Tatiane. está reservado aos inimigos que acham que isto me deprecia. Já aí deu para perceber que sou três em um, como Deus.
Não é muito à toa. Minha vida de Tatiane Andrade começou oficialmente em 1977, mas eu acho que foi bem depois. Minha primeira lembrança é de 1980. Depois as coisas ficam confusas até 1984.
A partir de então eu sou capaz de lembrar de quase tudo: morte do Tancredo, explosão da Challenger, fora Collor, Itamar, etc. Só não sou capaz de me lembrar do rosto das pessoas. Portanto, se um dia você me encontrar na rua e eu não o cumprimentar, me desculpe.
E saúde, caso você espirre.
Já escrevi em algum lugar que sou uma mistura “implosiva” de portuga com italianos e alemão. A verdade é que, ultimamente, a alma portuguesa tem imperado. Na reserva fica a alma italiana. A parte esquentada, alemã, ficou de lado, como um vulcão adormecido. Por favor, silêncio. Não queremos acordar a bichinha, não é mesmo?
Apesar de na minha carteira de trabalho constar apenas que trabalhei como caixa, na verdade já fui balconista ,empresaria,dona de zona ,office-girl,motorista,mecanica de hidraulicos,sodadora, arquivista, revisor e editora. Talvez tenha sido alguma coisa no meio disso, mas não lembro porque estava dormindo. Já ganhei prêmio de fotografia mas não sei fotografar. Já ganhei prêmio literário, mas muitos dizem que não sei escrever (e eu não acho que o prêmio desdiga isso). Já quis ser esposa. Depois o evagelica. Antes disso eu quis ser mãe , camioneira, depois psicologa . Já quis ser o Indiana Jones e o Jacques Cousteau. Já quis ser o meu professor de literatura José de Almeida e já quis ser como o meu pai.
Nada deu muito certo, confesso.
Daí eu me toquei (o óbvio das obviedades!) que eu não tinha cacife para ser ninguém senão eu mesma.
Há quem diga que está dando certo.
Já tomei remédio para caxumba, diarréia, cólica, sarampo, dor-de-cabeça, insônia, depressão, dor muscular, picada de abelha, dor-de-dente, dor-de-ouvido, frieira, gripe e até para uma pneumonia que eu não tive.
Parei com isso.
Não tomo mais remédio para nada e a minha vida vai bem, obrigado. Consulto médicos apenas para fazer exames de sangue regulares.
Mas não sei por que estou dizendo isso. Ou talvez eu saiba.
Preciso tomar remédio para esclerose.
Nasci em
Caxias do Sul, Mas foi Curitiba onde cresci. Primeiro, na Vila São Pedro , onde fiz muito cocô nas fraldas. Depois, no Bairro pinheirinho, onde li enciclopédias, aprendi a andar de bicicleta e sofri meu primeiro amor. Depois me mudei para o juizado de menores (Cedite)posteriormente Rio de Janeiro, onde aprendi a fumar e a jogar sacos cheios de água do 19o andar do prédio. Só coisa útil.
Por fim, morei no Xaxim e no Centro, onde aprendi a morar sozinha.
Depois disto tudo, me mudei para o Rio de Janeiro novamente, onde aprendi a gostar do sol (do mar eu já gostava).
Sou um leitora apaixonada de bons livros.
Meu ouvido para música não é muito bom, mas eu me esforço.
Na pior das hipóteses, sei do que não gosto: música eletrônica, hip-hop e emepeboca.
Meu olhar para a pintura não é deste século nem do anterior – e eu acho que isto é muito bom.
Gosto de ver televisão bem mais do que gostaria.
Em cinema, não gosto de filmes iranianos. Por outro lado, sou fã de Austin Powers.
Em política, sou de centro-esquerda, mas já fui de esquerda e de direita. Sou heterossexual assumida,mas tem x que me sinto bissexoal,acho que é de me gostar tanto, sem religião definida, fumante, bebedora de fim de semana, Atleticana e meu índice de massa corporal é 0,1, mas já foi menos.
Sou isto e sou mais, muito mais.
Mas, hoje em dia, quem é que tem paciência para descobrir o outro, não é mesmo?
Por isso eu posso ser divertida e interessante para alguns e arrogante e burra para outros.
Quer saber?
Eu sou mesmo é uma mulher que gosta de olhar as ondas batendo nas pedras, indo e vindo, tentando nos ensinar a eternidade que não nos é compreensível.
E me traga mais uma água de coco, por favor.
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